sábado, 27 de abril de 2013

O Universo nunca terá fim

Nosso Universo se expande num ritmo tão alucinante que continuará a crescer para sempre, mesmo depois que a luz de todas as galáxias se apagar.

Supernova
Desde 1995, o astrofísico Mark Phillips e sua equipe do Observatório de Cerro Tololo, vasculham o céu numa tentativa de responder a uma pergunta decisiva: a que velocidade o Cosmo se expande? Para isso, miram seus instrumentos para as supernovas, que nada mais são que estrelas explodindo.
Como esses fenômenos chegam a brilhar mais do que mil galáxias juntas, podem ser vistas a distâncias genuinamente astronômicas. Vendo as supernovas de algumas galáxias, os cientistas notaram que umas se afastavam mais rapidamente do que outras. Daí, calcularam a velocidade de crescimento do Cosmo. Há três meses eles anunciaram sua conclusão bombástica: o Cosmo se amplia num ritmo cada vez maior, tende a aumentar de tamanho cada vez mais depressa e nunca terá fim.
 Mark Phillips lança sua profecia: “Nos próximos bilhões de anos, o mundo vai ficar gradualmente mais frio, mais escuro e mais vazio.”
Logo após o Big Bang, que foi a explosão que deu origem ao Cosmo, ele crescia mais lentamente que hoje(Sendo contrária a Lei De Hubble). 
Essa descoberta só foi possível porque eles já sabiam que o Cosmo está em expansão, ou seja, que todas as galáxias correm para longe umas das outras. Mas queriam decifrar o ritmo dessa expansão. Para isso, precisavam comparar a velocidade que as galáxias têm hoje com a velocidade que elas tinham há muitos bilhões de anos.
Os astrônomos apontaram o telescópio de Cerro Tololo para galáxias relativamente próximas, pois assim estariam vendo uma região do Universo mais ou menos recente. Depois, procuraram grupos de estrelas o mais longe possível e deram um mergulho profundo na história do Cosmo.
Nessa primeira fase da investigação, o que os telescópios fizeram foi abrir duas janelas no tempo. Por uma delas, viam o espaço há 750 milhões de anos; pela outra, recuaram até 8,3 bilhões de anos atrás. Então  veio o segundo passo da estratégia: medir a velocidade das galáxias em cada época e comparar. Ficou claro que o Universo, pouco a pouco, está apertando o passo. Ele está se acelerando, e tudo indica que a correria vai ficar gradativamente maior.
Antes valia a lei de Hubble, segundo a qual a expansão cósmica deveria avançar com velocidade constante, sem nenhuma aceleração. O grande mérito da equipe de Cerro Tololo foi esquadrinhar as lonjuras do espaço e mostrar que esse preceito básico precisa ser corrigido.
Uma vez decifrada a aceleração do crescimento do Cosmo, uma outra pergunta aparece para intrigar os astrônomos. Qual é a causa, afinal, dessa aceleração.
modelo do Big Bang
O que já se sabe é que a expansão determina a evolução do Universo. Basta lembrar que, nos primeiros instantes do Big Bang, não havia galáxias nem estrelas. Apenas uma sopa espessa de partículas subatômicas cozinhando num calor incandescente e se atropelando com violência. Então, em segundos, o Cosmo cresceu, e foi aí que a expansão determinou o que viria a seguir: a sopa incandescente ficou um pouco menos densa, e as partículas, dispondo de mais espaço, passaram a colidir com menos intensidade. Aí, menos agitadas, conseguiram se aglutinar para formar as estrelas e as galáxias. Ou seja, se aquela massa inicial não tivesse aumentado seu tamanho, nada teria acontecido.

O problema é que, ao estudar esse processo, os cosmologistas ignoravam a aceleração. Eles consideravam que, desde o Big Bang, não haveria aceleração nenhuma, quer dizer, a velocidade de expansão do Universo seria imutável. Supunham que ela acontecesse sob o domínio de apenas duas forças. A primeira é o Big Bang, que tende a afastar as galáxias entre si. A segunda é a força da gravidade, com a qual os grandes grupos de estrelas se atraem uns aos outros, resistindo ao crescimento. Mas, daqui para a frente, conhecendo a existência da aceleração, é inevitável admitir que há um terceiro personagem participando da evolução cósmica.

E aí é que surge a nova interrogação: qual o mecanismo de ação dessa terceira força? Alguns especulam que ela é criada pelo próprio vácuo, como se o vazio tivesse uma tendência persistente de ficar cada vez maior, expulsando as partículas de matéria sempre para mais longe. Essa pressão do vácuo, de dentro para fora, deve ter tido algum tipo de influência sobre o cabo-de-guerra entre a gravidade e o impulso do Big Bang. E, como a aceleração não tinha sido levada em conta até agora, ela pode lançar luz “supernova” sobre a história passada do Cosmo.

Para o futuro, as conseqüências são mais evidentes. Está claro, desde já, que a energia do vácuo, nos próximos bilhões de anos, vai derrotar definitivamente a gravidade, pois a força do vácuo é sempre a mesma, enquanto a gravidade vai ficando cada vez mais fraca à medida que a distância entre as galáxias aumenta. Sua resistência só tende a diminuir, com o tempo, deixando as galáxias sob o efeito estonteante da aceleração expansionista. O destino do Universo, portanto, está selado. Ele vai ser forçado a romper todos os limites de velocidade, numa expansão sem fim.


Fonte: Super Interessante


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