Investigadores do Instituto Max Planck, na Alemanha, descobriram fortes evidências de um impacto de um cometa na atmosfera de Neptuno, à cerca de 200 anos atrás. A descoberta baseia-se em dados colhidos com o instrumento PACS (Photodetector Array Camera and Spectrometer), em funcionamento a bordo do telescópio espacial Herschel, e no muito que se aprendeu com o impacto do cometa Shoemaker-Levy 9 em Júpiter em 1994.
A atmosfera dos quatro planetas exteriores do Sistema Solar é composta essencialmente por hidrogénio e hélio, com vestígios de água, dióxido de carbono e monóxido de carbono, moléculas que podem ser detectadas na radiação infravermelha emitida pelos planetas. Em Neptuno, os investigadores encontraram uma distribuição anómala de monóxido de carbono. Aparentemente, a estratosfera possui concentrações mais elevadas deste gás do que a camada atmosférica inferior, a troposfera. Segundo Paul Hartogh, investigador principal do programa científico da missão Herschel, "(...) as concentrações de monóxido de carbono deveriam ser semelhantes nas duas camadas atmosféricas ou decrescer com a altitude", pelo que a distribuição observada em Neptuno só poderá ter uma origem exterior.
Em 1994, o impacto do cometa Shoemaker-Levy 9 em Júpiter foi observado pelas sondas Galileo, Voyager 2 e Ulysses, o que permitiu aos cientistas reunir extensa documentação referente a estes fenómenos. Na altura, os astrónomos aprenderam que os impactos de cometas na atmosfera dos gigantes gasosos deixam vestígios de água, dióxido de carbono, monóxido de carbono, ácido cianídrico e dissulfeto de carbono, gases que se vão distribuindo pela estratosfera ao longo das décadas. Ora, tendo em conta estes dados, as concentrações de monóxido de carbono observadas na estratosfera de Neptuno sugerem uma origem num impacto cometário que, pelo padrão de distribuição, terá ocorrido à dois séculos atrás, curiosamente, décadas antes da descoberta de Neptuno.
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