sábado, 9 de junho de 2012

A privatização do espaço: parte 2 Orbital e seu novo modo de lançamento


stargazer orbital


orbital
Seguindo a sequência de artigos sobre a privatização dos lançamentos espaciais, hoje falaremos sobre uma empresa que não é muito conhecida do público em geral, mas que já faz bastante sucesso com seus lançamentos pelo mundo afora para vários clientes, inclusive o Brasil, essa empresa é a Orbital Sciences Corporation (OSC, embora seja comumente referida somente como Orbital) é uma empresa estadunidense especializada na fabricação e lançamento de satélites que pode ser considerada a primeira industria de lançamentos privados bem sucedida da história.

Sediada em Dulles, Virginia, Estados Unidos a orbital foi fundada em 1982 por David Thompson, Ferguson Bruce Scott e Webster. Em 1990, a empresa realizou com sucesso oito missões espaciais, com destaque para o lançamento inicial do foguete Pegasus. Em 2006 realizou sua missão orbital 500 desde a fundação da empresa. Desde essa época tem trabalhado para inserção de novos meios para lançamentos espaciais com o intuito de reduzir seus custos com ênfase para seu principal produto, o foguete Pegasus. Orbital Sciences desde sua criação construiu 569 veículos lançadores com 82 mais para serem entregues até 2015. 174 satélites foram construídos pela empresa desde 1982, com mais 24 a serem entregues até 2015. Orbital tem uma participação de 40% do mercado de interceptores, a quota de 55% do mercado de pequenos satélites de comunicações, e uma quota de 60% ​​do mercado de pequenos veículos de lançamento.




A orbital se divide em quatro departamentos principais:

Grupo de Sistemas Espaciais (SSG)
Orbital é um provedor de satélites de classes pequeno e médio. Desde a fundação da empresa em 1982, a Orbital já entregou mais de 110 naves para clientes comerciais, militares e civis em todo o mundo. Até a data, estas naves têm acumulado um total de quase 630 anos de operações em órbita.

Divisão de Serviços Técnicos (TSD)
Orbital fornece engenharia, produção e gestão de pessoal técnico principalmente para programas relacionados com o espaço da ciência e da defesa. Normalmente, ela fornece pessoal especializado - engenheiros, cientistas, técnicos e outros profissionais - com conhecimentos específicos nas áreas que o cliente está buscando. Os funcionários da Orbital muitas vezes trabalham com a equipe técnica dos clientes em suas instalações.

Grupo de Programas Avançado (APG)

 Grupo de programas avançados da Orbital se concentra no desenvolvimento de novas tecnologias para vôos espaciais tripulados, transporte, aeronáutica e transporte espacial.


Cygnus
Em apoio dos vôos espaciais tripulados, a Orbital está a desenvolver um foguete de médio porte novo, o Antares, e uma nave espacial, nave Cygnus, que irá fornecer suprimentos para os ocupantes da Estação Espacial Internacional. Esses programas estão sendo desenvolvidos para a NASA, serviços para os quais a Orbital foi selecionada como uma parceira em 2008. A empresa vai fornecer serviços de reabastecimento para a ISS (com a primeira missão programada para Outubro ou Novembro desse ano).

O foguete Pegasus

O foguete Pegasus é um veículo propulsor espacial com asas, desenvolvido pela Orbital Sciences Corporation (Orbital). É composto de três estágios principais, preenchidos com propelente sólido para proporcionar maior empuxo. O Pegasus é capaz de descarregar pequenas cargas de combustível em órbitas de baixa altitude; o custo de seu lançamento custa aproximadamente 30 milhões de dólares, dependendo dos serviços adicionais o que é considerado um valor baixo para operações do gênero.

O primeiro vôo bem-sucedido do Pegasus foi no dia 5 de Abril de 1990, e em 1994   foi apresentada a versão XL, com estágios mais compridos que permitiram um aumento do transporte da carga. No Pegasus XL, o primeiro e segundo estágios foram alongados para o Orion 50SXL e o Orion 50XL, respectivamente. Os demais estágios permaneceram sem alterações; e as operações de Voo são similares. A asa foi levemente reforçada para lidar com maior peso. O Pegasus padrão foi descontinuado; o Pegasus XL ainda é produzido. Até hoje, o Pegasus já havia voado em 40 missões (em ambas as combinações), dessas, 35 foram consideradas como lançamentos bem sucedidos.

                                                                         Funcionamento

Pegasus sendo lançado
O diferencial do Pegasus é sua forma de lançamento que ocorre por meio de um avião transportador em que o foguete é acoplado em baixo das asas na barriga do avião que o eleva até uma altitude de aproximadamente 12 km e de lá é o solta. Após uma queda livre de 5 segundos para evitar que se choque com o transportador o propulsor do foguete é acionado a primeira etapa inflama e o veículo se inclina para cima a 45 graus. As aletas de cauda proporcionam uma direção para uma primeira fase de vôo.

Cerca de 1 minuto e 17 segundos depois, o Orion do motor 50S queima. O veículo está em mais de 200 mil pés de altitude e em velocidade hipersônica. A primeira fase vai embora, levando a asa e superfícies de cauda, ​​e a segunda etapa é acionada. O motor Orion 50 queima por aproximadamente 1 minuto e 18 segundos. No meio da segunda etapa de vôo, o lançador atingiu uma altitude de quase vácuo. A carenagem racha e cai, revelando o estágio de carga e o terceiro. Após a queima do motor da segunda etapa, as costas a pilha até chegar a um ponto adequado em sua trajetória, dependendo da missão. Em seguida, o Orion 50 é descartado, e a terceira etapa entra em ignição. Após aproximadamente 64 segundos, o terceiro estágio  queima. Liberando a carga no local desejado.

estágios do Pegasus
Vídeo de um lançamento do Pegasus.


esquema de como é o laçamento do pegasus
O avião de transporte

Pode parecer à primeira vista que a aeronave serve como um reforço para aumentar a carga útil. Na verdade, o lançamento de ar é largamente utilizado para reduzir o custo. 40.000 pés é apenas cerca de 10% da altura mínima necessária para uma órbita temporariamente-estável, e 4% da altura para uma órbita terrestre baixa. O avião é projetado para aproximadamente Mach 0,8, isto é cerca de 3% da velocidade orbital.
A maior causa de atrasos de lançamento tradicionais é tempo. O transporte a 40.000 pés leva o Pegasus acima da troposfera, na estratosfera. Tempo convencional é limitada à troposfera e ventos laterais são muito mais suaves a 40.000 pés. Assim, o Pegasus é praticamente imune ao clima, uma vez que estiver na altitude. (O mau tempo ainda é um fator durante a decolagem, subida, e no trânsito para o ponto de decolagem).

Lançamento no ar reduz os custos do programa. Isto permite que a decolagem a partir de uma grande variedade de locais, em geral, limitada pelos requisitos de suporte e preparação da carga útil em terra.

Kwajalein

Bases de lançamento

Em um lançamento do Pegasus, o avião decola de uma pista com apoio e instalações de inscrição. Esses locais têm incluído Kennedy Space Center / cabo canaveral, Florida; Vandenberg Air Force Base e Centro de Pesquisa Dryden, na Califórnia; base de Wallops, na Virgínia; Kwajalein, um arquipélago no Oceano Pacífico, e as Ilhas Canárias, no Atlântico. A Orbital oferece lançamentos a partir de Alcântara, no Brasil, mas não há clientes conhecidos ter realizado qualquer. As capacidades de Alcântara são mínimas em relação às outras bases, sem ser mais conveniente.




B-52 lançando o pegasus

Os aviões

No inicio do programa a Obital não tinha um avião próprio de grande porte com capacidade para os lançamentos, então conseguiu, por meio de parcerias com a NASA, utilizar o B-52 Stratofortress, um bombardeiro construído na guerra fria, e o utilizou em quatro missões até 1994 quando a empresa adquiriu um lockheed L-1011 da empresa Air Canadá e o modificou para poder realizar os lançamentos (o avião é utilizado até os dias atuais), que possibilitou o uso da versão XL do foguete Pegasus, e que não poderia utilizar a versão anterior do foguete por conta de uma incompatibilidade de seus suportes, o stargazer como é conhecido tem seu nome por causa da série de televisão Star Trek: The Next Generation.




transformação do stargazer



Principais missões do Pegasus:


foguete homenageia Santos Dumont

SCD-1
Durante sua fase final de testes com cargas reais e ainda durante o período em que empresas privadas de lançamento não eram bem vistas pelas agencias espaciais o Brasil foi pioneiro no programa Pegasus contratando a Orbital (por um pequeno custo na época perante aos riscos do novo meio de lançamento ainda pouco testado) para o lançamento do primeiro satélite de tecnologia 100% brasileira e pela primeira vez projetado, construído e testado no Brasil, o SCD 1 foi lançado com grande sucesso em 09 de fevereiro de 1993 e continua em operação superando de longe sua vida útil projetada inicialmente para 1 ano.
Preparativos finais para o lançamento

SCD-2
SCD 2 - Esse satélite foi lançado ao espaço no dia 22 de outubro de 1998 novamente utilizando um outro foguete Pegasus e continua até hoje prestando sua missão de coleta de dados ambientais ampliando o serviço prestado pelo SCD 1. Outro recorde de durabilidade dentro do Programa Espacial Brasileiro, já que esse satélite tinha uma vida útil calculada de até dois anos.




NuSTAR

NuSTAR sendo posto no pegaus
NuSTAR
As preparações finais de pré-lançamento estão em andamento no Telescópio Arranjo Nuclear Espectroscópico, ou NuSTAR. A missão, que irá usar visão de raios X para procurar buracos negros ocultos, está programada para ser lançada em 13 de Junho, do Atol Kwajalein, nas Ilhas Marshall. O observatório será lançado do bojo do avião Orbital Sciences Corporation's L-1011 "Stargazer" a bordo do foguete Pegasus.

O observatório já se encontra dentro do foguete e acoplado ao stargazer apenas esperando os preparativos finais para o lançamento que ocorrerá nesta quarta-feira às 11h30min (no horário de Brasília).


 Esquema de como será o NuSTAR (em inglês)
nustar





space sale



Essa foi a primeira empresa da série sobre a privatização do espaço do blog, o que acharam? Vale à pena permitir que uma empresa como essas detenha a maioria do mercado de satélites em troca do menor preço? Poste sua opinião nos comentários.

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